terça-feira, 25 de agosto de 2009

Para onde havemos de ir? - Parte I

Grande parte das religiões que afirmam ser "a verdadeira", surgiram há bem pouco tempo no mundo e principalmente nos Estados Unidos. Entre elas, temos a Igreja Mórmon, o Adventismo, a Assembleia de Deus, e as Testemunhas de Jeová. Todas dizem cumprir profecias bíblicas para os nossos dias e alegam ter representantes terrestres de Deus para falar ao povo Dele. A Bíblia alertou sobre essa tendência em Mateus 7:21-23.


O fato é que há graves problemas oriundos do conceito de "Religião Verdadeira". Comummente, tal alegação produz divisões pela supremacia religiosa e exclusivismo, por vezes fanático e impiedoso. Essa luta se consolida facilmente quando os líderes de movimentos religiosos endossam papéis perigosos a homens imperfeitos. Mesmo algumas religiões que surgiram com o esforço de pastores humildes, presenciaram os efeitos dessa tendência ao verem seus líderes afirmarem que eram "especialmente escolhidos, detentores de uma missão divina", etc. Quase sem excepções, esses homens se arvoraram de "mensageiros", "arautos", "guias", "escravo fiel e discreto", etc. Tomando um bom número de seus semelhantes como reféns de um pacote de regras de adoração extra-Bíblia, de um novo conjunto de ensinos "bíblicos", "novas luzes" ou "revelações", subordinando suas ovelhas a doutrinas e ensinamentos falhos, muitas vezes danosos.

Algumas pessoas, no entanto, por necessidades muitas vezes puramente emocionais, vêem pontos positivos ou "vantagens" nas religiões hodiernas: amizades que vão se consolidando através dos anos; o encorajamento de pessoas que lhes são familiares em tempos de crises; a aprovação de parentes da mesma denominação religiosa, etc. Sentem-se em "segurança espiritual" e "mais próximos de Deus" ao se ajuntarem em igrejas, templos e "Salões do Reino".


Por incrível que pareça, muitos que buscam tais religiões organizadas, sentem-se "bem" e até aprovam os "freios" que a religião lhes inflige através de pastores que lhes ditam regras de conduta além das contidas na Bíblia. Para tais "ovelhas", uma espécie de casulo religioso exclusivista "severo" é justificado usando-se Heb. 10:24, 25, embora a Bíblia aqui não defina em que igreja se cumpriria esse texto e o próprio Cristo tenha nos garantido que bastariam "2 ou 3 em nome dele" para estar no meio deles. Mas até essas "ovelhas", ao usarem a razão, discernem grandes desvantagens nos modelos de tais "reuniões cristãs" em nossos dias, como o pungente legalismo religioso.

Enquanto alguns se esforçam em lutar pela liberdade cristã responsável, muitos fazem questão de buscar "freios" - de que supõem precisar - numa "religião verdadeira". Com o tempo, contudo, tais "freios" tornam-se suas algemas mentais, psicológicas e espirituais, frutos da convivência com companheiros "cristãos" que se transformam em juízes e "amos de sua fé".


O que nos resta, então? Seguir aquela que consideramos "a melhorzinha"? Simplesmente e comodamente aderirmos à nossa tradição religiosa familiar, recolhendo-nos às nossas "herdadas" conchas de complacência? Ir levando de qualquer jeito sem mexer em nada? Entregar nossas mentes e corações imperfeitos e desesperados (Jer. 17:9) à camisa de força de alguma organização religiosa austera, inflexível e rigorosa que nos "ajude a manter a sobriedade cristã, guardar os requisitos bíblicos e cumprir zelosamente as obrigações teocráticas"? (Esse foi o motivo dado por um amigo TJ para continuar como membro da Torre de Vigia, 8 meses depois de minha saída).

É óbvio que Deus deu a cada pessoa o direito de sentir-se totalmente livre para fazer suas próprias escolhas (Mateus 7:14,15; Deut. 30:19). Mas a Sociedade Torre de Vigia insiste em intimidar as pessoas para servir fielmente à sua organização por dizer coisas do tipo encontrado em A Sentinela, 15 de outubro de 1992, páginas 20 e 21, parágrafos 12, 14 (final) 15 (início) sob o subtópico "Não Há Outro Lugar":


12. "Sentir-nos-emos impelidos a servir a Jeová com lealdade JUNTO COM SUA ORGANIZAÇÃO se lembrarmos de que NÃO HÁ OUTRO LUGAR ONDE SE POSSA OBTER A VIDA ETERNA.


14. "Não há outro lugar onde se possa OBTER O FAVOR DIVINO E A VIDA ETERNA."

15. "Nosso coração deve impelir-nos a cooperar com a organização de Jeová porque sabemos que só ela é dirigida pelo Seu espírito e divulga Seu nome e Seus propósitos."

Porém, nosso criador nos alertou sobre o julgamento individual que Ele mesmo promete em sua Palavra, a Bíblia, em textos claros que dizem: "cada um de nós ficará postado diante da cadeira de juiz de Deus...; cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus." (Romanos 14:10-12)

Isso nos mostra que ele considerará as pessoas individualmente. Embora a Sociedade diga que Jeová "sempre orientou seus servos de maneira organizada" (A Sentinela 15/07/83, página 27, par. 19 20), a Bíblia narra o registo fiel de servos individuais como Abrãao, Isaque, Jacó, José, Noé, Jonas, dentre outros, que o serviram fielmente sem um comando central ou "corpo governante". Isso sem falar dos homens fiéis como Paulo, Pedro, Tiago e outros que não faziam parte de alguma organização religiosa com um Corpo Governante. A ocasional reunião de "anciãos" no livro bíblico de Atos 15 para resolver problemas locais, nunca deveria ter sido usada para provar a existência de um "Corpo Governante" tal como o da Torre de Vigia que dita regras além das que são puramente bíblicas. Obviamente, homens LEGITIMAMENTE inspirados por Deus continuaram a escrever as Escrituras (2 Tim. 3:16) no primeiro século após a morte de Cristo. O que dizer de hoje? Ora, explicar que "ser orientado" é diferente de "ser inspirado" mas exigir igual obediência, é algo incompreensível e contraditório e invalida o sentido destas palavras. Ademais, ainda que tivesse havido esse suposto "Corpo Governante", certamente não mais conseguiríamos achá-lo actualmente em alguma religião.

Alguns dos que têm saído da organização religiosa das Testemunhas de Jeová optam por buscar uma relação íntima, reverente e pessoal com Deus, não se julgando superiores ao resto da humanidade nem condenando a ninguém. (Prov. 21:2; Jer. 17: 9,10) Ao contrário, tais pessoas sentem-se iguais a Paulo ao descrever seus conflitos pessoais, suas fraquezas e tendências imperfeitas, sem usar de humildade fingida ou hipocrisia: "Homem miserável que eu sou! Quem me resgatará do corpo que é submetido a esta morte? Graças a Deus, por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor! (Romanos 7:24, 25).


É interessante notar que a única passagem bíblica que fala claramente sobre "A forma de adoração que é pura e imaculada do ponto de vista de Deus" é Tiago 1: 27 e ali se faz referência à caridade aos órfãos e viúvas e a manter-se sem manchas do mundo. Ou seja, ambas as coisas têm a ver com CONDUTA CRISTÃ e não com doutrinas e ensinamentos.

Doutrinas e ensinamentos? Muitos acham proveitoso usar suas próprias consciências dadas por Deus para crer ou não em muitas coisas da forma mais imparcial e não tendenciosa possível. Tomo meu próprio caso como exemplo: não observava o Natal antes de me matizar como Testemunha de Jeová e continuo a não fazê-lo; não creio numa Trindade (embora já tenha lido praticamente tudo o que se diz sobre isso usando a biblioteca protestante); não acredito num inferno de fogo; não vejo nada especial na data de 1914, excepto o valor histórico dela como tantas outras (1789 - Revolução Francesa, 1939 e 1945 - início e fim da 2a. Guerra Mundial, etc.); não creio que exista um "escravo fiel e discreto" como classe distinta mas sim como indivíduos fiéis; rejeito o espiritismo em todas as suas formas, etc. Mas essas são apenas escolhas pessoais baseadas em minhas próprias conclusões e leitura pessoal da Bíblia e não mais naquilo que uma determinada organização religiosa diz que a Bíblia declara e que, por isso, eu terei de crer.


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